terça-feira, 28 de junho de 2011

Sinto Vergonha de Mim - Rui Barbosa

Interpretação: Rolando Boldrin

Sinto vergonha de mim!
"Por ter sido educadora de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
Que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

'Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo
que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!"

Eduardo & Mônica - Banda Legião Urbana



Uma Criatividade da operadora de telefonia VIVO, que lançou uma campanha publicitária para promover a divulgação de seus aparelhos celulares a partir de um encontro casual. Um Vídeo super descontraído e divertido, mostrando que quando há AMOR, não existe barreiras.  "(...) E quem irá dizer que existe razão das coisas feitas pelo coração...E quem irá dizer, que não existe RAZÃO!"
Vale a pena conferir!!       (Márcia Oliveira)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Escritora Martha Medeiros




 A VOZ DO SILÊNCIO

 "Pior do que a voz que cala,
 é um silêncio que fala.

 Simples, rápido! E quanta força!

 Imediatamente me veio à cabeça situações
 em que o silêncio me disse verdades terríveis,
 pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
 Um telefone mudo. 

 Um e-mail que não chega.
 Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

 Silêncios que falam sobre desinteresse,
 esquecimento, recusas.

 Quantas coisas são ditas na quietude,
 depois de uma discussão.
 O perdão não vem, nem um beijo,
 nem uma gargalhada
 para acabar com o clima de tensão.

 Só ele permanece imutável,
 o silêncio, a ante-sala do fim.

 É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
 que a gente não quer ouvir,
 pois ao menos as palavras que são ditas
 indicam uma tentativa de entendimento.

 Cordas vocais em funcionamento
 articulam argumentos,
 expõem suas queixas, jogam limpo.
 Já o silêncio arquiteta planos
 que não são compartilhados.
 Quando nada é dito, nada fica combinado.

 Quantas vezes, numa discussão histérica,
 ouvimos um dos dois gritar:
 "Diz alguma coisa, mas não fica
 aí parado me olhando!"

 É o silêncio de um, mandando más notícias
 para o desespero do outro.

 É claro que há muitas situações
 em que o silêncio é bem-vindo.
 Para um cara que trabalha
 com uma britadeira na rua,
 o silêncio é um bálsamo.
 Para a professora de uma creche,
 o silêncio é um presente.
 Para os seguranças de um show de rock,
 o silêncio é um sonho.

 Mesmo no amor,
 quando a relação é sólida e madura,
 o silêncio a dois não incomoda,
 pois é o silêncio da paz.
 

 O único silêncio que perturba,
 é aquele que fala.

 E fala alto.

 É quando ninguém bate à nossa porta,
 não há emails na caixa de entrada
 não há recados na secretária eletrônica
 e mesmo assim, você entende a mensagem." 

domingo, 26 de junho de 2011

Marisa Monte e Julieta Venegas - Ilusion



Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?Não sei Eu só sei que ela se foi
Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella
No supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue
Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz
É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver
Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue
Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz
Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de hacerla feliz
Porque la deje
¿Por que la deje?
No séSolo sé que se me fue

David Duarte - O Que Eu Queria

Composição: David Duarte

Uma hora eu queria lhe entender
Eu queria era lhe dar um passeio
Um segundo poderia revelar
Tudo o que eu queria agora era um sonho
Por um minuto eu só queria lhe dizer
Eu queria era lhe dar um presente

A gente sente quando vem e paixão
A gente sabe se é tesão ou brincadeira
A gente sente quando vem e é amor
O que eu queria eu queria era de qualquer maneira, 
era de qualquer maneira

Uma hora eu queria lhe esquecer
Eu queria nem saber o que eu quero
A semana poderia nem passar
Mais eu espero ver você no domingo
Por um instante eu só queria estar aí
Eu queria era arranjar um motivo

A gente sabe quando nem é ilusão
A gente sabe se é mais forte que aventura
A gente sente quando vem e é amor
O que eu queria eu queria como se fosse loucura, 
como se fosse loucura

Uma hora eu queria lhe esquecer
Eu queria nem saber o que eu quero
A semana poderia nem passar
Mais eu espero ver você no domingo
Por um instante eu só queria estar ai
Mais eu queria arranjar um motivo

A gente sabe quando nem é ilusão
A gente sabe se é mais forte que aventura
A gente sente quando vem e é amor
O que eu queria eu queria como se fosse loucura
A gente sente quando vem e é paixão
A gente sabe se é tesão ou brincadeira
A gente sente quando vem e é amor
O que eu queria eu queria era de qualquer maneira
como se fosse loucura.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Não Coisa - Ferreira Gullar

Ferreira Gullar


O que o poeta quer dizer
no discurso não cabe 
e se o diz é pra saber
o que ainda não sabe.

Uma fruta uma flor
um odor que relume...
Como dizer o sabor,
seu clarão seu perfume?

Como enfim traduzir
na lógica do ouvido
o que na coisa é coisa
e que não tem sentido?

A linguagem dispõe
de conceitos, de nomes
mas o gosto da fruta
só o sabes se a comes

só o sabes no corpo
o sabor que assimilas
e que na boca é festa

de saliva e papilas
invadindo-te inteiro
tal do mar o marulho
e que a fala submerge
e reduz a um barulho,

um tumulto de vozes
de gozos, de espasmos,
vertiginoso e pleno
como são os orgasmos

No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:

subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisa
sem permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.

O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.

Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,

a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
essa voz somos nós.




Poema extraído dos “Cadernos de Literatura Brasileira”, editados pelo Instituto Moreira Salles — São Paulo, nº 6, setembro de 1998, pág. 77.
Saiba tudo sobre Ferreira Gullar e sua obra em "Biografias".


Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), nasceu no dia 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luiz, capital do Maranhão, quarto filho dos onze que teriam seus pais, Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart.

Diversão...

Jogo da Forca

Passa-Tempo

Letroca - Um Jogo Interessante para ativar sua Memória

Texto de Elisa Lucinda Interpretado por Ana Caroline

Música de Caetano , com interpretação de Maria Bethânia - 2005

Poesia - Fernando Pessoa

Nesse vídeo, a cantora declama o "Poema do menino Jesus", de Fernando Pessoa e, em seguida, canta "O doce mistério da vida". 

Texto de Clarice Lispector por David Duarte

"Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós Não temos amado acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficando do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer pelo menos não fui tolo e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia... a vitória nossa de cada dia..."